Muito
se fala sobre os benefícios da música para crianças e bebês. Segundo os
especialistas, a experiência auditiva começa ainda na barriga da mãe. “É o que
chamamos de precocidade da experiência musical. A partir do quinto mês de
gestação, quando nosso aparelho auditivo já está formado, ficamos submetidos a
estímulos sonoros, desde batimentos cardíacos até a voz da mãe”, afirma a
musicoterapeuta Bianca Bruno. O vínculo entre esses sons e o afeto presente
neles já é considerado fundamental para o bom desenvolvimento dos bebês.
A
música tem representações em diversas áreas do cérebro e pode se relacionar a
diferentes tipos de conhecimento, diz a musicoterapeuta. “Além do fato de
existir uma área específica, como dizem os neurologistas, que se caracteriza
pelas funções musicais”.
Julia
Holanda, professora do Centro de Educação Musical Holanda, em Goiânia,
corrobora: “Ao entrarmos em contato com a música, todo o nosso cérebro é
estimulado, especialmente uma boa parte do hemisfério esquerdo”.
Desempenho superior
Julia Holanda lembra uma pesquisa que
observou o comportamento de crianças submetidas a três tipos de atividades:
aulas de xadrez, computação e música. Ela conta que aquelas que estiveram em
contato com a música obtiveram desempenho 40% superior em suas atividades
escolares. “A música trabalha como prevenção e como tratamento. Utiliza
raciocínio lógico e matemático, coordenação motora, concentração, as emoções e
as relações sociais”, diz a professora.
“As
escolas devem pensar a música no conjunto de seu projeto político-pedagógico,
definindo, assim, as formas condizentes com a organização de seus currículos”,
defende Clélia Craveio, conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Música é emoção
Dividida em compassos e ritmos, as
melodias estimulam o raciocínio lógico, além de explorar a concentração dos
pequenos para acompanhar o tempo da música. A sensibilidade musical, segundo
Holanda, está diretamente atrelada aos sentimentos e ao que o som representa.
“A mãe que quer estimular seu filho com música precisa transformá-la em uma
experiência afetiva agradável. Se lhe for direcionada como uma obrigação, pode
atrapalhar. Pais que desejam herdeiros geniais podem submeter as crianças a uma
experiência afetiva ruim, e a forma lúdica é fundamentalmente importante para o
desenvolvimento desses estímulos”, alerta a musicoterapeuta.
Os
sons e as melodias aguçam a percepção sonora e estimulam a observação. Como
explica Bianca, a criança passa a ver o mundo com mais detalhes. “Ainda que o
Efeito Mozart seja questionável, qualquer pai e mãe que associe a música a uma
emoção positiva pode conseguir incentivar seus filhos a serem indivíduos mais
seguros, a se sentirem bem com o desconhecido e construírem um raciocínio mais
complexo. Resulta ainda no fortalecimento da relação familiar “, conclui ela.
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